Às tapas medievais em Olivença, antes e depois da coroação do chef medieval 2018

No fim-de-semana de 17-18 de novembro, a cidade badajozence vai acolher o XI Concurso de Pinchos e Tapas Medievais, mas ao mesmo tempo, os visitantes que decidam aproximar-se, vão poder, igualmente, provar todos os pinchos a Concurso na Rota do Pincho Medieval que estenderá o concurso a diferentes bares e restaurantes da povoação. O preço, mais um argumento: 2,50 euros por tapa e bebida. Participam sete cozinheiros, de Consuegra (Toledo), Estella-Lizarra (Navarra), Hondarribia (Gipukoa), Laguardia (Alava), Marvão (Portugal), Olivença (Badajoz) e Sigüenza (Guadalajara)

Olivença. 14 de novembro de 2018. A bela cidade badajozence de Olivença prepara as suas melhores galas para acolher a undécima edição do Concurso Internacional de Pinchos e Tapas históricos que organiza a Rede de Cidades e Vilas Medievais. Fá-lo-á pela segunda vez, depois de o ter acolhido já numa primeira ocasião no ano 2013. Naquela altura venceu o cozinheiro hondarribitarra Bixente Muñoz.

Assim, durante o fim-de-semana de 17 e 18 de novembro sete chefs escolhidos pelas suas respetivas terras como representantes do orgulho culinário local, após ter vencido no Concurso de pinchos da sua cidade ou vila, vão concorrer, em boa luta, para vir a ser o cozinheiro medieval do ano 2018 da Rede de Cidades e Vilas Medievais.
Entre os concorrentes, está 'El yantar del conquistador', tapa vencedora da cidade toledana de Consuegra. É obra de Pedro Rodríguez, cozinheiro chefe do Restaurante El Retorno. A sua delícia mistura, como Consuegra, as culturas e os estilos arquitetónicos, ingredientes que lembram diferentes formas de fazer e sublinham o melhor da bem trabalhada horta local.

O chef Jorge Ruíz Luzuriaga, do Restaurante Bar Florida vai representar Estella-Lizarra (Navarra) com uma tapa baseada nun produto recuperado na zona do Baztán. Trata-se do seu 'Lingote de gorrín Pío Navarro' (leitão autóctone que se alimenta só com leite materno). Com a tapa, Ruiz Luzuriaga reivindica o produto local e próximo de que dispõe uma região com uma pecuária e agricultura tão diversa como generosa.

Gorka Irisarri, cozinheiro hondarribitarra (Hondarribia-Gipuzkoa) do Bar Danontzak apresenta para concurso uma criação cheia de sentimento, como ele, a que chama 'Aitatxi', avô. A partir de uma lembrança de criança, Gorka elaborou un pintxo que converteu em cozinha medieval em miniatura, mas em maiúsculas. A tapa é uma homenagem a um petisco, a uma memória que tem desde pequeno, ao ingrediente sagrado que para ele era o tutano dos ossos de vaca.

Juan Antonio Gómez, chef da Villa-Lucía Espacio Gastronómico de Laguardia (Alava), participa no concurso com 'Ama', a tapa com que ganhou o concurso laguardiense de 2017 –sempre é a tapa do ano anterior a que representa Laguardia no concurso do ano presente-. Como Gorka, o cozinheiro laguardiense parte de um sentimento profundo, que o inspira culinariamente e que o chef exprime mediante a combinação de sabores e uma apresentação impecável. Assim, 'Ama' é uma homenagem à mãe, falecida em 2017. O ingrediente central é uma sardinha que é marinada previamente em sal, açucar e cítricos, para a reidratar depois em azeite da variedade arroniz, ligeiramente fumado com umas áscuas de sarmento. 

O chef português, José Mário Magalhães do Restaurante A Adega, em Marvão (Portugal) competirá em Olivença com o seu 'Amor perfeito' para se afirmar como o chef medieval da Península Ibérica. Magalhães elabora para a ocasião um pão de castanha, feito a base de uma farinha especial, procedente do vale de Aramenha, à qual acrescenta uma seleção micológica apresentada num mexido de ovo sobre a base de um cogumelo, igualmente do vale de Aramenha. A tapa é rematada por um azeite galego de azálea e ervas aromáticas.
'O deslize do emir' é uma tapa singular, com a qual a Josefina Nuñez, cozinheira do 'Mesón Asador Rancho Grande' de S. Jorge de Alor, Olivenza (Badajoz) defende o orgulho local no XI Concurso Internacional de Pinchos e Tapas Medievais. Para explicar a sua curiosa denominação, ela própria, e o seu marido, Rafael Alonso, criaram uma velha lenda. Um poderoso emir visita Olivença. O senhor do castelo brinda-o com um fabuloso repasto, mas o emir comete o deslize de comer a deliciosa carne de porco. Verdadeira ou não a fábula, o pincho recolhe reminiscências da cozinha árabe.

Sergio Bajá, proprietário do Asador Bajá de Pelegrina-Sigüenza (Guadalajara) defende a cozinha da medieval e eterna Cidade do Doncel com o seu 'Pelegrino 2.0'. O pincho é um pão artesão que eles próprios fabricam em frigideira, recheado de uma mistura de três tipos de carne:borrego, porco e vitela, sabiamente temperada com cebola caramelizada e queijo de Hita. 

O Concurso Internacional de Pinchos e Tapas Medievais é organizado pela Área de Desenvolvimento da Diputação de Badajoz e da Rede de Cidades e Vilas Medievais em colaboração com a Câmara Municipal de Olivença. A atividade enquadra-se dentro do projeto RDC_LA2020, cofinanciado pela Diputação de Badajoz e o Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020 dos Fundos FEDER da União Europeia.

A dinâmica do concurso e da Rota do Pincho Medieval
O concurso vai ter lugar no sábado, dia 17 de novembro, a partir das 17 horas da tarde, em formato aberto ao público, no Hotel Heredero. Para além do concurso, o público que nesse fim-de-semana decidir viajar a Olivença também poderá experimentar as tapas em concurso em diferentes bares e locais de acolhimento, no decurso dos dias sábado, 17 de novembro, e domingo, 18 de novembro, em horário de 12.30 a 15.30 horas. O preço das tapas, mais um argumento: 2,50 euros por tapa e bebida. Desta maneira, os visitantes vão poder conhecer a cidade e o seu centro histórico, provando sete delícias culinárias em outros tantos estabelecimentos oliventinos.
De forma prévia, os cozinheiros deverão ter superado o concurso que os coroara como os melhores cozinheiros históricos de sua comarca. A filosofia do concurso difere de outros, acrescentando um toque especial. Em primeiro lugar, entre os ingredientes dos seus pinchos, os participantes só podem utilizar aqueles que já existiam na Idade Média. E além disso, devem tentar sempre utilizar os que melhor definem a sua terra. 

O palco do concurso, duplo motivo de visita para espanhóis e portugueses
A origem de Olivença está ligada à definitiva reconquista de Badajoz pelo rei de Leão, D. Alfonso IX, na primavera do ano de 1230. Para recompensar a participação que os Templários ao seu serviço tiveram nessa campanha, D. Alfonso IX concedeu-lhes os enclaves de Burguilhos e Alconchel. Desde este ponto, a Ordem criou a comenda de Oliventia, levantando um templo a Santa Maria e erguendo um castelo. D, Alfonso X o Sábio, desalojou os Templários de aquela valiosa posição na fronteira e entregou o lugar ao Concelho e Bispado de Badajoz. Mais tarde, Olivença seria cedida pela regente Dª Maria de Molina, em nome de seu filho, menor de idade, D. Fernando IV de Castela, ao rei D. Dinis de Portugal (Tratado de Alcañices, 1297). D. Dinis elevou a antiga aldeia castelhana à categoria de Vila, reconstruiu a fortificação templária e impulsou a colonização do termo com portugueses. Os seus sucessores reforçaram com diversas medidas a posição estratégica de Olivença mediante a outorga de privilégios e prerrogativas à sua vizinhança e realizando importantes obras defensivas.

Após o esplendor que viveu no século XVI, Olivença ver-se-á envolvida, de forma muito direta, na Guerra de Restauração (1640), vindo a ser conquistada em 1657 pelo Duque de San Germán e devolvida a Portugal aquando da assinatura das Pazes de Lisboa (1668). Deste período data o desenho de suas fortificações abaluartadas, cuja construção se iria dilatar durante a seguinte centúria.
O século XVIII inicia-se com um novo conflito bélico - a Guerra de Sucessão espanhola – no termo da qual é destruída a ponte de Ajuda (1709). A posição de Olivença torna-se assim especialmente vulnerável, entregando-se sem resistência às tropas espanholas que a cercam em 1801 (Guerra das Laranjas). Pelo Tratado de Badajoz de 6 de junho, Manuel Godoy incorpora-a formalmente na soberania espanhola.
Olivença é na atualidade uma cidade plenamente espanhola pelo sentir dos seus habitantes, mas também não renuncia à sua tradição lusa. Com respeito e carinho, todos os monumentos do passado português, tesouro artístico recebido em herença pelos oliventinos, têm sido recuperados e restaurados graças à iniciativa municipal.
Sobre a Rede de Cidades e Vilas medievais. 
Rede de Cidades e Vilas Medievais é uma aliança integrada por nove municípios da Península Ibérica cujo património medieval lhes confere um atrativo turístico de primeiro nível. A Rede, que atravessa a península de Norte a Sudoeste, visa a promoção e difusão destas povoações, nas quais o medievo deixou a sua poderosa pegada. Almazán, Ciudad-Rodrigo, Consuegra, Estella-Lizarra, Hondarribia, Jerez de los Caballeros, Laguardia, Manzanares El Real, Olivença e Sigüenza em Espanha, e Marvão em Portugal, integram esta união de cidades e vilas que abrigan imponentes paisagens, gastronomia e oferta cultural. 
Entre os fins da Rede de Cidades e Vilas Medievais destaca a promoção turística e a organização de determinados eventos que permitam dar a conhecer a um maior número de pessoas estas localidades.
Um dos objetivos marcados no projeto visa a valorização da riqueza e variedade de recursos de umas localidades que foram palco de importantes acontecimentos históricos, sendo seu espólio cultural a marca por que são reconhecidas nacional e internacionalmente.

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